quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Diversão na quarta-feira


Tempos atrás fui apresentado à poesia de Mário Quintana pela Jaqueline, do Paraná. Embora o nome do poeta não me fosse totalmente estranho, certamente não me lembraria dele caso precisasse enumerar dez poetas brasileiros contemporâneos. Aliás, você aí, consegue citar de memória 10 poetas brasileiros? Eu não consigo. Se você consegue, deixe um comentário anunciando a proeza, pois você está acima da média.
Pois bem, não é que gostei dos poemas do Quintana? Pelo menos os que conheci até o momento, que não são muitos, têm uma clareza meridiana e cortante. Vejam este:

Do amoroso esquecimento

Eu, agora – que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

A Jaque recomenda um outro:

Alma errada
Há coisas que a minha alma,
já mortificada não admite: assistir novelas de TV
ouvir música Pop
um filme apenas de corridas de automóvel
uma corrida de automóvel num filme
um livro de páginas ligadas
porque, sendo bom,
a gente abre sofregamente a dedo:
espátulas não há…
e quem é que hoje faz questão de virgindades…
E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones
fugir desesperada
me deixará aqui,ouvindo o que todos ouvem,
bebendo o que todos bebem,
comendo o que todos comem.
A estes, a falta de alma não incomoda.
(Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo).
E ligarei o rádio a todo o volume,
gritarei como um possesso nas partidas de futebol,
seguirei, irresistivelmente,
o desfilar das grandes paradas do Exército.
E apenas sentirei, uma vez que outra,
a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido…


Nascido em 1906, o gaúcho Mário Quintana faleceu em 1994 com 88 anos. Em 2006 foi homenageado pelo governo do Rio Grande do Sul com o Ano do Centenário de Mário Quintana,
cujo site na internet ainda está disponível. A apresentação que o poeta fez de si mesmo para a Revista IstoÉ em 1984, reproduzida na abertura do site, é imperdível.
Moral da história: ler poemas e conhecer nossos poetas pode ser uma atividade divertida. Principalmente quando se está no escritório, como é o meu caso neste momento, com montanhas de trabalho esperando providências.

4 comentários:

Anônimo disse...

Um breve comentário: consegui lembrar, de imediato, apenas oito nomes de poetas brasileiros contemporâneos.
Perguntei a um amigo, amante da poesia, e ele também citou oito nomes. Isso foi ótimo porque já estava me sentindo a última das mortais, rs.
Será que a poesia nacional carece de nomes (pouco provável)? Ou nós realmente desconhecemos nossos poetas?

Osni Dias disse...

Oi Eliseu, sem mais delongas, vamos lá: Ferreira Gullar, Arnaldo Antunes, Glauco Mattoso... cara, que coisa. São muitos, mas agora não me vêm à mente. Mas foi um ótimo exercício. Voltarei em breve. Parabéns pelo blog. Já estão nos meus favoritos. Grande abraço, velho amigo.

Anônimo disse...

Emerson

Oi Elizeu, vamos ver se este comentário consegue ser publicado.
Gostei muito de conhecer o poeta, acho que nunca tinha lido nada dele, gostei tanto que acabei dando um dos poemas dele de presente para minha esposa.

Parabéns pelo blog. Sucesso e fique com a força.

Anônimo disse...

Madrugada...Vim ver o blog com mais calma como lhe prometi e encontrei um post q é bem a minha praia...Literatura...Amo Quintana.Lembrei de uma frase dele q eu adoro "A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo" Saudades de vc!! Bjosss