domingo, 8 de março de 2009

Ah!, Maria Rita

Ontem fui ao show da Maria Rita no SESC Pinheiros. Sorte minha estar lá, pois o público foi brindado com uma apresentação primorosa de uma cantora cuja interpretação amadureceu significativamente nos últimos anos. Percebe-se facilmente que ela tem trabalhado duro para superar a timidez e dialogar com o público, revelando um grande carisma. Isso sem falar no delicioso sorriso da Maria Rita...
Firmar-se como cantora sendo filha de Elis Regina não deve ter sido tarefa das mais fáceis. As comparações com a mãe são inevitáveis e o muxoxo da turma do cotovelo doído, acusando favorecimento das gravadoras à jovem cantora, deve ter tornado ainda mais áspero o início da carreira no começo da década de 2000. Atualmente, nada disso a afeta mais. Ela esbanja talento com uma voz afinadíssima e com exuberante presença de palco. Isso sem falar nas roupas provocantes da Maria Rita...
As apresentações ocorridas de 5 a 8 de março fazem parte do lançamento do DVD “Samba Meu” que, além de composições inéditas, traz músicas já consagradas na voz da cantora, como “Cara Valente”, “Encontros e Despedidas” e “Caminho das Águas”. Nestas, o público não se contém, forma um grande coral e no fim do show metade da plateia está em pé nas laterais do anfiteatro sambando em obediência ao apelo dos compositores Edson e Aluísio: “Não deixe o samba morrer / não deixe o samba acabar / O morro foi feito de samba / De samba pra gente sambar”. Isso sem falar no rebolado da Maria Rita...
Como se vê, o samba não morreu. Apenas ocupou espaços antes impensáveis e conquistou novos adeptos: desceu o morro para se instalar em palcos sofisticados e encantar platéias da classe média e da intelectualidade. É para este público, especificamente, que Maria Rita se apresenta. O morro, pobre morro, não pode vê-la cantando que “O morro foi feito de samba”. Isso sem falar nas coxas da Maria Rita...